terça-feira, 20 de maio de 2008

O Dia da Cidade!
Uma festa de sabor popular
Para mais tarde recordar…

O povo saiu à rua mas não bradou Viva el Rei!... Aclamou, sim, o seu fundador Marquês de Pombal que o houve para todos os gostos! Ele foi o Sr Marquês que voltou cá outra vez pelas Marionetas “Bonus Frater”; Ele foi o Sr Marquês que se passeou na Praça com sua mulher e Cardeal e até Comitiva que dançou e fez dançar os circunstantes; e ele foi também Marquês de Cortejo que passeou prosápia com pompa e circunstância!... Muito Marquês este ano para que não esqueça a cidade quem a fundou! Mas do Santo, nada! Passou incógnito como se não fosse a terra de Santo António, mas adiante que santos da casa não fazem milagres!...
Mas houve, a condizer, Sessão Solene na Casa da Câmara para que se conheçam as obras e bem se diga da restauração! E inaugurações também pautaram o dia que se queria feliz: a nova Rotunda a lembrar o Poeta e a Morgue há tanto desejada! E a Festa, claro está, pois é dela que vamos dizer como decorreu!...
Na Praça do Marquês montou-se a Feira Iluminista que, a meu ver, redigo e contradigo, teria maior destaque e um impacto diferente se fosse pensada para a Avenida marginal! Mas foi ali, espartilhada entre laranjeiras e palco e dela diremos que foi a condizer e teve de tudo um pouco!...
Desde os falcoeiros às tradicionais artes, de tudo um pouco ali aconteceu faltando os habituais artesãos (fiadeiras, cestaria, empreita) a emprestar alguma graça genuína ao contexto! Mas, como o espaço é reduzido, toda a informação histórica ficou de lado e até algumas notas que o iluminismo impunha mas o Cortejo complementou a Feira e salvou a honra do convento pois a Avenida engalanou-se e viu descer séculos de cultura que desaguaram na Praça efusivamente!...
Talvez, em Feiras futuras, uma consulta ao meu ilustre amigo Dr Hugo Cavaco pudesse trazer a esta mostra de “Iluminismo” travestido alguma seriedade de contexto e de origens! Mas foi o que foi e não foi mau de todo, passe a crítica que apenas tem intuitos construtivos!
E lá estavam outras artes: as dramáticas através das marionetas que, este ano, quase primaram por um pré-festival antes de tempo dada a diversidade de temas e apresentações que propuseram! E foram muitos os assistentes não obstante a chuva que nos visitou, para mal da feira e dos nossos pecados, no dia principal da Festa!...
Dois ou três momentos de realce na “barraca” das Marionetas! O Diaporama que conta, pela imagem, as origens e evolução da nossa cidade! O Sr Marquês voltou outra vez para lembrar a velhinha Santo António de Arenilha e dizer de como pensou e fez a nova Vila Real! As artes de Mestre Gil através das marionetas de arame contaram com o desfile de figuras da sociedade de quinhentos julgadas por um anjo e por um diabo que se esmeraram na contenda! E, a terminar, as crianças aprenderam, de forma simples e directa, como nasce uma marioneta!...
Um regalo para todos que ali foram desfrutar de vivências, de representações e de arte!...
Apenas uma nota de humor a complementar o que retrato com a fidelidade de uns olhos que se habituaram a ser críticos!...
Um mais pequenino, daqueles traquinas que tudo vislumbram com uma curiosidade própria de quem está sedento de arte olhou-me de alto abaixo, mediu-me a altura enorme dos meus quase dois metros e disse-me:
- Sr artista! Você é um fantocheiro?!...
Assim mesmo, desafrontadamente e sem papas na língua mas aquela designação, em vez de me ofender, enalteceu-me porque a sua candura era enternecedora e a sua avidez de cultura era evidente! E interiormente, agradeci-lhe por me fazer lembrar uma Arte que hoje procuro trazer à ribalta com propósitos pedagógicos e com o alcance didáctico que um pequenino fantoche pode proporcionar!...
E talvez por isso me tivesse dado a Universidade, no meu Curso de Letras, contextos e saberes que tal proporcionam às crianças! E talvez a minha Bolsa de Estudos na Yugoslávia no âmbito do Teatro me tenha dado os instrumentos que utilizo nas minhas reescritas e representações! E mesmo as minhas andanças pela Cultura como militante dos sete costados no FAOJ do pós 25 de Abril, ou a Acessoria na Cultura da Câmara nos anos 80 ou mesmo os Mestres de reconhecido valor internacional como Barradas, Yarotsky ou Brooks me tivessem afinado a criatividade e a imaginação para transmitir agora, através do Teatro e dos “Bonecros” toda a fantasia e ensinamentos que eu e tantos meninos da minha geração não tiveram!...
A todos aqueles que artística e culturalmente fizeram de mim o que sou e me ensinaram tanto do que sei, o meu grato reconhecimento!...
Que saiba merecer um sorriso de uma criança é a minha melhor ambição porque hoje estou entregue à sua soberana vontade! Elas são o meu futuro e o contributo decisivo para o meu rejuvenescimento cultural!...

इनिसिअतिवास "बोनुस फ्राटर"

A Cultura chegou aos Bombeiros!
Iniciativas Bonus Frater…

Dentro do âmbito de um protocolo assinado no início do ano entre os Bombeiros e as Marionetas “Bonus Frater”, a Corporação abriu as suas portas à cultura e aos mais novos desenvolvendo uma dinâmica própria de uma Associação inserida no tecido da cidade e com uma credibilidade que lhe advém de serviços e prestações oferecidas à terra por mais de um século.
Com o apoio da Câmara Municipal e da Livraria Lusíada decorre, às quartas-feiras de manhã, numa sala até ao momento desaproveitada, uma iniciativa inédita denominada “A hora dos Putos” (Quem ouve um conto, aumenta um ponto…), onde as histórias fluem introduzidas pelas marionetas e com o recurso ao audio-visual, entretendo e ensinando os alunos das nossas Escolas e Infantários que ali se deslocam para uma aprendizagem pedagógica. E ali todos têm direito à história escrita que lhes é distribuída gratuitamente com apoio da Editora Guadiana e a Turma ganha um livro oferecido pela Livraria Lusíada!
Preparada está já também uma primeira sessão de sensibilização, no final de Abril que vai contar com a presença de cerca de cem crianças e que se enquadra dentro do Projecto “Chama Viva”. Para o efeito foi criada uma peça “O Sr Bombeiro Zé Valente” que precede a acção dos Bombeiros e cuja temática incidirá na prevenção de fogos, assistência a doentes e captação do interesse dos mais novos para as actividades e serviços da Corporação!
Mas não se ficam por aqui os projectos da Corporação em parceria com a Associação Cultural “Bonus Frater”. Em fase de ensaios e para apresentação a 11 e 12 de Maio no Teatro-Estúdio que talvez venha a designar-se Comandante Luís Figueiredo, pelas comemorações do dia da cidade, está o espectáculo “Mestre Gil, o Sr Marquês e António Aleixo” que vai apresentar o Auto da Visitação no original Castelhano e o Auto do Curandeiro numa homenagem ao Poeta Aleixo.
E há mais! O I Festival Ibérico de Marionetas, que conta já com a adesão de quatro companhias espanholas e que promete ser uma aventura bem sucedida no mundo das marionetas, terá lugar no referido Teatro-Estúdio de 16 a 21 de Junho com o apoio da Autarquia que também apostou forte nesta dinamização.
Calendarizados estão já alguns espectáculos a realizar no espaço da piscina e algumas exposições e sessões de poesia com a presença de escritores e também estão programadas para o final do ano feiras que a devido tempo se anunciarão. E tudo a bem da cultura numa aposta da Direcção dos Bombeiros Voluntários e do seu Comando que tem sido inexcedível em apoio e atenção.
Está de parabéns, certamente, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários pela abertura e aceitação da proposta, a Câmara Municipal através do seu Pelouro da Cultura e as Marionetas “Bonus Frater” que dão vida a tão interessante projecto, único a sul do país e servindo a causa do público juvenil e da cultura infantil.
Nós daqui damos o nosso incentivo e fazemos votos para que tal iniciativa se torne consistente e constitua mais um pólo de interesse nesta nossa terra que, agora mais que nunca, começa a dar passos seguros através de acções meritórias e de verdadeiro interesse e motivação das populações.
As minhas Torres estarão hoje silenciadas já que a sua voz crítica e ponderada apenas poderia pronunciar alguma fala de assentimento e entusiasmo. Eu por mim quero deixar aqui uma palavra de estímulo e expectativa para tão meritório projecto! As crianças de Vila Real merecem o esforço daqueles que nunca esquecem que também, um dia já distante, foram meninos que assistiam entusiasmados aos espectáculos do Roberto e da Joana!...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

A Cultura chegou aos Bombeiros!
Iniciativas Bonus Frater…

Dentro do âmbito de um protocolo assinado no início do ano entre os Bombeiros e as Marionetas “Bonus Frater”, a Corporação abriu as suas portas à cultura e aos mais novos desenvolvendo uma dinâmica própria de uma Associação inserida no tecido da cidade e com uma credibilidade que lhe advém de serviços e prestações oferecidas à terra por mais de um século.
Com o apoio da Câmara Municipal e da Livraria Lusíada decorre, às quartas-feiras de manhã, numa sala até ao momento desaproveitada, uma iniciativa inédita denominada “A hora dos Putos” (Quem ouve um conto, aumenta um ponto…), onde as histórias fluem introduzidas pelas marionetas e com o recurso ao audio-visual, entretendo e ensinando os alunos das nossas Escolas e Infantários que ali se deslocam para uma aprendizagem pedagógica. E ali todos têm direito à história escrita que lhes é distribuída gratuitamente com apoio da Editora Guadiana e a Turma ganha um livro oferecido pela Livraria Lusíada!
Preparada está já também uma primeira sessão de sensibilização, no final de Abril que vai contar com a presença de cerca de cem crianças e que se enquadra dentro do Projecto “Chama Viva”. Para o efeito foi criada uma peça “O Sr Bombeiro Zé Valente” que precede a acção dos Bombeiros e cuja temática incidirá na prevenção de fogos, assistência a doentes e captação do interesse dos mais novos para as actividades e serviços da Corporação!
Mas não se ficam por aqui os projectos da Corporação em parceria com a Associação Cultural “Bonus Frater”. Em fase de ensaios e para apresentação a 11 e 12 de Maio no Teatro-Estúdio que talvez venha a designar-se Comandante Luís Figueiredo, pelas comemorações do dia da cidade, está o espectáculo “Mestre Gil, o Sr Marquês e António Aleixo” que vai apresentar o Auto da Visitação no original Castelhano e o Auto do Curandeiro numa homenagem ao Poeta Aleixo.
E há mais! O I Festival Ibérico de Marionetas, que conta já com a adesão de quatro companhias espanholas e que promete ser uma aventura bem sucedida no mundo das marionetas, terá lugar no referido Teatro-Estúdio de 16 a 21 de Junho com o apoio da Autarquia que também apostou forte nesta dinamização.
Calendarizados estão já alguns espectáculos a realizar no espaço da piscina e algumas exposições e sessões de poesia com a presença de escritores e também estão programadas para o final do ano feiras que a devido tempo se anunciarão. E tudo a bem da cultura numa aposta da Direcção dos Bombeiros Voluntários e do seu Comando que tem sido inexcedível em apoio e atenção.
Está de parabéns, certamente, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários pela abertura e aceitação da proposta, a Câmara Municipal através do seu Pelouro da Cultura e as Marionetas “Bonus Frater” que dão vida a tão interessante projecto, único a sul do país e servindo a causa do público juvenil e da cultura infantil.
Nós daqui damos o nosso incentivo e fazemos votos para que tal iniciativa se torne consistente e constitua mais um pólo de interesse nesta nossa terra que, agora mais que nunca, começa a dar passos seguros através de acções meritórias e de verdadeiro interesse e motivação das populações.
As minhas Torres estarão hoje silenciadas já que a sua voz crítica e ponderada apenas poderia pronunciar alguma fala de assentimento e entusiasmo. Eu por mim quero deixar aqui uma palavra de estímulo e expectativa para tão meritório projecto! As crianças de Vila Real merecem o esforço daqueles que nunca esquecem que também, um dia já distante, foram meninos que assistiam entusiasmados aos espectáculos do Roberto e da Joana!...

sábado, 24 de novembro de 2007

Natal 2008 - Centro Cultural António Aleixo

Vem aí o Natal!...
Marionetas animam Presépio no Centro Cultural…

Estamos quase na Quadra mãe em que tudo se anima e um espírito novo ganha forma e conteúdo nesta altura do ano! E começa a engalanar-se a cidade para se iluminar, rua a rua, com mil luzes decorativas! As montras apresentam sugestões e motivos para um Natal apetecível e muita gente corre já para as compras antecipadas! Árvores, enfeites, presépios, figuras em miniatura são um regalo para a vista e um consolo para a alma que começa a impregnar-se do espírito navidenho!...
No Centro Cultural o Mestre iniciou já a montagem do Presépio gigante que todos os anos anima o hall de entrada! E lá vai colocando os milhares de figurinhas, algumas com movimento, de forma a reinventar tempos idos de há dois mil anos quando um Menino nasceu e originou o mágico momento que todos os anos se comemora!...
Mas este ano vai haver outra animação complementar ao lado da evocação do nascimento de Jesus: as marionetas vão estar lá com uma peça criada para o efeito e denominada “Os operários de Natal”! Aos domingos, pelas 11h da manhã, os bonecos animados sobem à cena, apresentados pela avozinha Beatriz e pelo Egas e Becas da Rua Sésamo, e por lá vão desfilar os amigos que contribuem com o seu trabalho e o seu esforço para termos um Natal feliz!...
E desde o cozinheiro que prepara o bacalhau da consoada ao carteiro que traz os postais de Boas Festas e ao electricista que põe e liga as luzinhas de pisca-pisca na árvore tudo é alegria e evocação do Natal real que temos no dia a dia de Dezembro!...
A Trupe de Bonecreiros “Bonus Frater” aceitou o desafio do Sr Vereador da Cultura, sempre sensível a estas manifestações de arte, e vai estar presente numa série de espectáculos que motivarão os mais pequenos que visitarem o Presépio. E todas as manhãs de domingo haverá festa para a miudagem a partir da inauguração a 8 de Dezembro até ao dia de Reis! E podem assistir pequenos e grandes que a festa é para todos!... As crianças aprenderão quem faz e contribui para o Natal e os adultos recordarão tempos idos de meninice! Uma animação a não perder este ano já que a Autarquia, através do Pelouro da Cultura, quis proporcionar a todos uma Quadra alegre e evocativa!...
Para as Freguesias de Monte Gordo e Cacela os Educadores e Professores também podem solicitar os espectáculos da Trupe já que a iniciativa é extensiva a todo o Concelho, a todas as Escolas e a todas as crianças!...
Também a iluminação da cidade estendeu-se a outras artérias e mudou os motivos que, depois de acesos, darão brilho e alegria a este final de 2007! E assim se prepara este ano o Natal, sempre bem vindo por todos!...
- Sra Torre do Sino! Aqui onde me não vê mas tenho voz, lhe confidencio novidades para esta época do ano tão do seu agrado! Uma vez mais teremos Natal, e Missa do Galo, e festa de aniversário de dois milénios! Mas Jesus não vem só, como antigamente! Traz consigo o recentemente célebre Pai Natal dos ateus!...
- Diz bem, Senhora Torre do Relógio! Num país cristão um Pai Natal de fantasia é hoje figura simbólica em cada casa! Felizes daqueles que evocam no Presépio o nascimento do Deus Menino e celebram a consoada porque recordam o nascimento de Jesus de Nazaré! Por isso ficou na História como o Dia de Natal!...
- Pois vamos ter Natal a sério, Sra Torre! Com Presépio e Marionetas e tudo!... Para que fique o cristão de fé alegre na sua celebração e o profano contente, mesmo só com Pai Natal!... Talvez assim saibam todos quem são, na verdade, os verdadeiros Operários de Natal!...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Vila Real aquela!...
De Santo António de Arenilha ao Vilaquistão…

Santo António de Arenilha parece ter existido nos finais da Idade Média ali sendo uma Póvoa de pescadores oriundos, alguns, da decadente Baesuris depois da transferência da Ordem de Cristo para Tomar e outros de ascendência castelhana que ali assentaram arraiais pela riqueza da foz do Guadiana! E a Póvoa cresceu e tornou-se Vilheta ou Vilhota com o beneplácito régio de D. Manuel I que reconhece a importância daquela defesa à entrada do rio!... Não seria nada de espantar que, já ao tempo de D. João I no regresso da conquista de Ceuta, o reino se tenha dado conta da sua existência já que, por erro de cálculo, as naus entraram pelo rio julgando tratar-se de Tavira!...
Também não é de pôr de parte a conjectura de que, D. João II, ao tempo em Tavira onde preparava a sua rede de espiões, tivesse mantido contacto com os habitantes de Santo António pois sabe-se que em Huelva e até em Sevilha o Príncipe Perfeito tinha alargado a rede de informadores sobre as pretensões de Castela ao novo mundo por descobrir!... Mas também se sabe ou deduz-se que os sucessivos tremores de terra, maremotos e temporais levaram esta Vila a uma cada vez maior desagregação e consequente abandono por parte dos moradores que se viam a braços com a instabilidade de todo um sistema periclitante dada as transformações que regularmente e ao longo do tempo ocorriam nas embocaduras dos rios do Algarve!...
E chegou o terramoto de 1755 cujo maremoto terá levantado ondas de quinze metros e devorado o que restava dos casebres, igreja e capela ali existentes. Tudo foi varrido e apenas restaram as areias a norte na margem direita do Guadiana onde o Sr Marquês decidiu, com a bênção de D. José, implantar, de raiz, a nova Vila de Santo António! E, por devoção ao Santo ou prurido contra a Ordem dos Jesuítas manteve-lhe o nome do Dr da Igreja, franciscano e que, porventura, como a Sra das Angústias da nossa vizinha Ayamonte, ´terá dado à costa dando o nome à antiga povoação acrescentando Arenilha, de raiz latina e que por este Algarve ainda vi e li chamarem-se outras póvoas de Santo António das Areias, tal era a devoção ao Santo casamenteiro protector dos pobres!...
Pois é esta a história que os meus bonecos do “Bónus Frater” vão contar às nossas crianças (e, aos adultos que se interessarem pelas nossas raízes) especulando um pouco, aliás como também o faz o Dr Hermano Saraiva, recriando as origens da nossa terra com uma aproximação a uma verdade histórica que talvez se tenha algum fundamento! Pelo menos pode tê-lo na literatura e muitos autores houve (lembro Herculano e Garrett) que reinventaram os factos e recriaram a História dando largas à imaginação!...
Pois, criada a nova Vila Real pelo Sr Marquês e trazidos novos habitantes das redondezas para povoar esta nova urbe iluminista, aqui se iniciou de novo a velha faina da pesca da sardinha, da cavala, do biqueirão , do atum, espécies que proliferavam no vizinho Atlântico e aqui se fizeram salgas e conservas e por aqui passaram navios para a recolha de minério, de cortiça, de pedra mármore, de alfarroba e toda a carga que urgia levar até à Europa, nessa altura distante, tão distante desta terrinha de pacóvios aqui à beira mar entretidos com a família, a Pátria, sujeitos à Douta Autoridade e rezando a Deus solicitando protecção e bênção doméstica!...
Tudo isto foram tempos idos que algumas memórias mais frescas relembram em tertúlias e conversas de café como se os tempos recuassem e os fulanos e sicranos que moravam aqui e ali pudessem voltar para nos dizer onde era a vila velha, o que disse o Sr Marquês, que pão se amassou nas mãos do Diabo ou que tempos vale, afinal, a pena mesmo recordar!...
Mas o que poucos sabem é que existe afinal outro espaço de origem virtual, nascido das origens da Vila antiga mas sem Santo nem realeza e que dá pelo nome, imaginem, de Vilaquistão!... Sim Senhor! VILAQUISTÃO!... E localiza-se na Internet, lugar próprio para a criação de novas terras, novos usos e costumes e até novas gentes que se escondem por detrás de um ecran para dizer as baboseiras que lhes vêm à cabeça, anónimos, no silêncio das suas casas e digerindo os fracassos e desandanças da vida!...
Ora vem isto a propósito de um comentário insidioso e anónimo à minha participação com o Auto da Parideira à moda vicentina, em marionetas, nas sessões de esclarecimento sobre a interrupção voluntária da gravidez promovido pelo Partido Socialista em conjunto com intervenientes de outras forças partidárias e até independentes, juntos não na ideologia mas na causa comum que defendiam e a que o referendo passado deu, afinal, razão maior pela força e validade do voto popular!...
Vilaquistão deu cobro e dá voz a gente que se esconde no anonimato e que não têm coragem de assinar e dar a cara quando criticam o que se passa na nossa terra!... Ao menos aqui, neste Jornal, todos têm nome e podem ser identificados!...
E também podem, livremente e sem censuras, criticar o Governo e os seus ministros e a sua política sem que alguém lhes negue a participação em actos de cidadania que entendem ser nobres ou, de acordo com a sua consciência, participar em actos públicos com quaisquer forças políticas mesmo que elas sejam, alguma vez, o alvo das críticas circunstanciais que o momento exige! A isto chama-se democracia!...
- Sra Torre do Sino! Pode-se, ao mesmo tempo, afrontar Deus e rezar, com fé, aos Santos protectores com devoção?!...
- Pois Senhora Torre do Relógio! Todos somos filhos de Deus e pregou Cristo o amor do próximo mas, em dado momento, foi preciso zurragar os vedilhões que profanavam o Templo!... E também foi Jesus tentado, no Horto das Oliveiras pelo Diabo que lhe ofereceu o mundo em troca da subjugação da sua alma!...
- Então pode também o narrador afrontar César mas crendo nas suas hostes e servindo o seu império!... Talvez se confundam, afinal, as cabeças mandantes com todos os outros que, servindo a causa, podem diferir da palavra e da doutrina do Mestre!...
E por aqui me quedo que está dado o recado a quem servir a carapuça!...